A MATEMÁTICA NA ANTIGUIDADE
(Pré-História, Egito Antigo, Mesopotâmia e Grécia Antiga)
I – Pré-História
Considera-se como pré-história todo o período anterior a escrita. Neste
período o homem era nômade, vivia em pequenos grupos, caçava, pescava e morava
em cavernas. Não havia civilização como hoje nós a conhecemos.
·
Contexto Histórico
Durante a pré-história a sociedade era extremamente rígida. As pequenas
comunidades eram formadas por clãs ou tribos comandadas por um líder ou chefe tribal.
Não havia ascensão social, fora quando a autoridade do chefe era contestada e
conseguia-se um novo líder por meio de lutas. Não havia forma alguma de
política. Neste período havia a “lei do mais forte”.
Nesta sociedade primitiva, os homens caçavam e obtinham todo tipo de
alimento. Ás mulheres estava destinado cuidar dos filhos e preparar o alimento
que os homens traziam.
As comunidades (tribos) eram pequenas, mais ou menos quarenta pessoas por
grupo, pois a alimentação era escassa e em pouco tempo o alimento acabava em
determinado lugar. Por este motivo os grupos eram nômades, viviam se
deslocando, procurando alimentos.
Também não existia um processo econômico propriamente dito, pois não existiam
ainda os processos de troca de mercadorias nem a cunhagem de moedas. As pessoas
sobreviviam com aquilo que obtinham a cada dia.
Com o passar do tempo, as civilizações propriamente ditas, começaram a se
desenvolver no crescente fértil (rios Tigre e Eufrates na Mesopotâmia, Rios
Indo e Ganges na Índia e Delta do Nilo na África) e também onde hoje está
situada a América Central, com as culturas Asteca e Maia.
O rompimento da pré-história e por conseqüência, a criação das
civilizações e das grandes cidades, só foi possível com o desenvolvimento da
agricultura, em um processo que ficou conhecido como “Revolução Agrícola”. Esta
foi a primeira grande revolução que mexeu com toda a humanidade. A segunda
seria a “Revolução Industrial” e a terceira a “Revolução Tecnológica”.
·
Contexto matemático
Este período foi marcado por um baixíssimo nível intelectual, científico
e matemático. Os aspectos sociais, políticos e econômicos acima citados,
tiveram influência direta nesta pouca produção intelectual das sociedades.
Mesmo assim, podemos citar algumas descobertas científicas e matemáticas.
Neste período houve a elaboração de um processo rudimentar de contagem:
ranhuras em ossos, marcas em galhos, desenhos em cavernas e pedras. Também
podemos citar aqui o processo que muitos utilizavam para relacionar
quantidades, ou seja, para cada unidade obtida, era colocada uma pequena pedra
em um saquinho.
Alguns povos, como os Sioux (tribo indígena americana) confeccionaram
calendários pictográficos, desenhados em cavernas.
Destaca-se também a confecção de instrumentos e artefatos de guerra
(primeiro em pedra, depois em bronze e ferro).
Como já comentamos anteriormente, foi somente após a revolução agrícola
que as descobertas científicas e matemáticas tiveram um maior impulso. Esta
revolução abriu o caminho não só para a criação das grandes civilizações, mas
também para tudo aquilo que cerca esta construção.
II – Egito Antigo
A civilização Egípcia se desenvolveu
ao longo de uma extensa faixa de terra fértil que margeava o rio Nilo. Este rio
prestou-se muito ao estabelecimento de grupos humanos. Suas margens férteis
revelaram-se propícias à agricultura e, ainda, suas águas caudalosas
facilitavam a abertura de canais de irrigação e a construção de diques. O
estudo do Egito antigo está determinado entre 4.000 a.c. à 30 a.c. Houveram
vários períodos dentro da história egípcia antiga, mas todos eles tiveram
basicamente o mesmo aspecto social político e econômico, bem como matemático e
científico. Somente com a invasão pelos romanos no século I a.c. é que ocorre
um rompimento com sua cultura milenar.
·
Contexto Histórico
A sociedade Egípcia era extremamente rígida. A pirâmide social era fixa e
composta desta maneira: Faraó (nobreza) – sacerdotes – escribas – camponeses -
escravos. Havia uma administração estatal, centralizada no faraó que era o
senhor absoluto de tudo que havia no Egito. O poder do faraó era fortalecido
pela crença que o poder divino estava vinculado ao poder civil na pessoa do
faraó, considerado um deus na terra.
Além do faraó que era o senhor absoluto, havia uma poderosa nobreza fundiária
que cooperava na administração e na
exploração do trabalho dos camponeses. Apenas a família do faraó, os sacerdotes
e os nobres tinham acesso a uma educação rudimentar. Alguns escribas também
obtinham, mediante vontade do faraó, acesso à educação.
Em um primeiro momento a economia Egípcia estava baseada na agricultura e
no trabalho escravo. Os camponeses cultivavam a terra e entregavam aos nobres e
ao faraó. Eles só tinham direito a uma pequena parte dos produtos para sua
subsistência.
Em um segundo momento a economia foi ampliada para um comércio de troca
de mercadorias com outros povos que viviam em outras regiões, principalmente os
mesopotâmicos.
Pelo fato de que a sociedade egípcia era uma sociedade extremamente fixa,
centrada na pessoa do faraó, que não permitia uma maior abertura para as
classes inferiores, as ciências também foram prejudicadas. Mas, mesmo assim
houve um grande avanço científico e matemático neste período.
·
Contexto matemático
Um dos ramos da ciência que teve um avanço significativo foi a medicina.
Os médicos (sacerdotes) egípcios possuíam um grande conhecimento na medicina,
como bem comprovam as múmias de vários faraós descobertas nos dois últimos
séculos, bem como o acesso a vários papiros.
Na matemática, também tivemos grandes avanços. A matemática egípcia
sempre foi essencialmente prática. Quando o rio Nilo estava no período das
cheias, começavam os problemas para as pessoas. Para resolver este problema
foram desenvolvidos vários ramos da matemática. Foram construídas obras hidráulicas,
reservatórios de água e canais de irrigação no rio Nilo. Procedeu-se a drenagem
dos pântanos e regiões alagadas.
Começou-se também com uma geometria elementar e uma trigonometria básica
(esticadores de corda) para facilitar a demarcação de terras. Com isto
procedeu-se a um princípio de cálculo de áreas, raízes quadradas e frações.
Também sabemos que os egípcios conheciam as relações métricas em um triângulo
retângulo. O teorema de Pitágoras, na realidade, já era conhecido por povos bem
mais antigos que os gregos.
No século XVIII d.c. foram descobertos vários papiros em escavações no
Egito. Do ponto de vista matemático os mais importantes são os papiros de
Moscou e os Papiros de Rhind. Estes papiros trazem uma série de problemas e
coleções matemáticas em linguagem hieróglifa. Só foi possível a decifração
desta linguagem, por Champolion, quando em 1799 uma expedição do exército
Francês, sob o comando de Napoleão Bonaparte, descobriu perto de Rosetta,
Alexandria uma pedra com escrita em três línguas: grego, demótico e hieróglifa.
Somente com esta pedra foi possível decifrar a linguagem hieróglifa e traduzir
estes papiros com grandes preciosidades matemáticas egípcias.
Outra ciência que teve um avanço muito grande neste período foi a
astronomia. Os sacerdotes egípcios faziam cálculos astronômicos para determinar
quando iriam ocorrer as cheias do Nilo. Baseados nestes cálculos eles
construíram um calendário com 12 meses de 30 dias.
A construção das grandes pirâmides faz supor que o conhecimento
matemático dos egípcios era muito mais avançado que o conhecido nos papiros.
Talvez o fato da escrita ser muito difícil tenha sido um dos motivos que
impediu este registro. Talvez, ainda, estes registros tenham sido feito em
papiros que não chegaram aos nossos dias.
Podemos afirmar, com absoluta certeza, que a matemática egípcia foi um
dos pilares da matemática grega, a qual foi a base para a nossa matemática
moderna. Isto em geometria, trigonometria ou mesmo na astronomia.
III – Mesopotâmia
A Mesopotâmia, que em Grego
significa “terra entre rios”, situava-se no oriente médio, no chamado crescente
fértil, entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje está situado o Iraque e a
Síria, principalmente. Os povos que formavam a Mesopotâmia foram os Sumérios,
Acádios, Amoritas, Caldeus e Hititas, os quais lutavam pela posse das terras
aráveis.
Por estar situado nesta região
geográfica, a Mesopotâmia estava mais sujeita às invasões e conquistas de
vários povos, ao contrário do que ocorreu no Egito. As duas civilizações,
Egípcia e Mesopotâmica, desenvolveram-se no mesmo período. Mas, este
desenvolvimento deu-se em separado, não havendo um intercâmbio de informações.
As mesmas dificuldades que
acarretaram o desenvolvimento das ciências no Egito foram a mola propulsora
deste desenvolvimento nesta região. Porém ao contrário do que ocorria com as
águas do rio Nilo, os períodos de cheia dos rios Tigre e Eufrates eram bastante
irregulares, obrigando a realização de numerosas obras de irrigação e drenagem,
com períodos de observação e desenvolvimento com uma maior dificuldade.
·
Contexto Histórico
A população residia em grandes cidades, governadas por um rei-sacerdote,
chamado Patesi. Como esta região estava situada em uma região permanentemente
sujeita a invasões, estas cidades eram extremamente militarizadas.
É desta região a elaboração do primeiro código escrito de leis. O código
de Hamurabi, conhecido como “Lei de Talião”. Este código foi escrito pelo rei
Hamurabi, em torno de 2.000 a.c. e privilegiava principalmente a nobreza, em
detrimento do restante da população.
Durante o período entre 4.000 a.c. e 1200 a.c. foi inventada uma das
primeiras formas conhecidas de escrita, a escrita cuneiforme e a fundação de
grandes cidades (Lasash, Ur, Uruk e Babilônia). A escrita cuneiforme era
realizada por meio de cunhas produzidas em tabletes de barro cozido, o qual
garantia a sua permanência e conservação por um longo período de tempo, sendo
que muitos tabletes chegaram até nossos dias, permitindo acesso àquela cultura.
O processo de decifrar esta escrita só foi conseguido no século XIX por Henry
Cheswike Rawlison e Georg Friedrich Grotenfrend.
Uma das tabelas mais importantes, sob o ponto de vista matemático, foi a
chamada tábua “Plimpton 322”, a qual traz uma série de informações matemáticas,
entre elas a relação entre os três lados de um triângulo.
Assim como a sociedade egípcia, a sociedade mesopotâmica tinha sua
pirâmide social extremamente rígida, não permitindo a mobilidade social. Esta
pirâmide tinha duas camadas. A camada mais alta era formada pelo rei e seus
familiares, seguidos por uma nobreza fundiária, sacerdotes e ricos mercadores.
Na base da sociedade estavam os camponeses e os escravos. Esta sociedade era
altamente militarizada e extremamente cruel para com os povos dominados por meio
de guerras ou da cobrança de impostos.
Com o advento do código de Hamurabi esta sociedade foi dividida em três
grupos distintos: Homens livres privilegiados (grandes proprietários de terra,
comerciantes e sacerdotes); Homens livres (artesãos, pequenos comerciantes e
servidores no palácio real) e Escravos (prisioneiros de guerras ou pessoas que
não conseguiam pagar as suas dívidas).
A economia estava baseada na agricultura e no comércio de trocas. Visto a
localização geográfica da região que facilitava o contato entre os povos
conhecidos da época.
Não havia um processo político como conhecemos hoje, pois o rei detinha o
poder absoluto e total.
·
Contexto matemático
A ciência e, por conseqüência, a matemática mesopotâmica teve um grande
desenvolvimento por parte dos sacerdotes que detinham o saber nesta
civilização. Assim como a matemática Egípcia, esta civilização teve uma
matemática e/ou ciência extremamente prática. As matemáticas orientais surgiram
como uma ciência prática, com o objetivo de facilitar o cálculo do calendário,
a administração das colheitas, organização de obras públicas e a cobrança de
impostos, bem como seus registros.
As águas dos rios Tigre e Eufrates proporcionavam facilidades para o
transporte de mercadorias, o que ajudou a desenvolver um processo de navegação.
Foram desenvolvidos nestes rios grandes projetos de irrigação das terras
cultiváveis e a construção de grandes diques de contenção, abrindo assim o
caminho para o desenvolvimento de uma engenharia primitiva.
Procedeu-se ao desenvolvimento de uma astronomia rudimentar para o
cálculo do período de cheias e vazantes dos rios, mesmo que estes períodos não
fossem regulares como os do rio Nilo no Egito.
Os Babilônicos (assim também eram chamados os povos mesopotâmicos) tinham
uma maior habilidade e facilidade para efetuar cálculos, talvez em virtude de
sua linguagem ser mais acessível que a egípcia. Eles tinham técnicas para
equações quadráticas e bi-quadráticas, além de possuírem fórmulas para áreas de
figuras retilíneas simples e fórmulas para o cálculo do volume de sólidos
simples. Sua geometria tinha suporte algébrico. Também conheciam as relações
entre os lados de um triângulo retângulo e trigonometria básica, conforme
descrito na tábua “Plimpton 322”.
Ao contrário dos Egípcios, que tinham um sistema posicional de base 10,
os babilônicos possuíam um sistema posicional sexagesimal bem desenvolvido, o
qual trazia enormes facilidades para os cálculos, visto que os divisores
naturais de 60 são 1,2,3,4,5,6,10,12,15,20,30,60, facilitando o cálculo com
frações.
Por tudo isto que foi descrito, a matemática Babilônica tinha um nível
mais elevado que a matemática Egípcia.
Pelo fato da Mesopotâmia estar situada no centro do mundo conhecido da
época, o que propiciava grandes invasões e muito contato com outros povos, ela
teve um papel muito grande no desenvolvimento da matemática de um povo que teve
um papel muito importante na história: o povo Grego. Graças a este contato com
o povo Grego, muito desta matemática chegou até os nossos dias.
IV – Grécia Clássica
Consideramos o período compreendido
entre 2.000 a.c. até 35 a.c. como sendo o período clássico ou período de ouro
do povo Grego. Período este que se encerra com o domínio da Grécia pelos
Romanos.
A civilização Grega foi formada por
muitos povos que se originaram da Europa central e da Ásia. Antes, porém, de
comentar sobre estes povos convém fazer um breve comentário sobre um povo que
teve uma influência muito grande sobre a construção da Grécia e de sua cultura:
os Cretenses.
Os Cretenses, habitantes da ilha de
Creta, desde 3.000 a.c., com expressão maior entre 2.000 a.c. à 1.500 a.c.,
notabilizaram-se pelo comércio marítimo, artesanato, arte e a influência sobre
os Gregos. Tiveram um comércio muito grande com o Egito, Fenícia e a Síria. As
transações comerciais eram registradas em papiros com uma escrita acessível aos
mercadores. Este contato com os demais povos possibilitou um intercâmbio muito
grande com as demais culturas e propiciou avanços matemáticos e científicos
ampliando os conhecimentos tecnológicos do período, haja vista as ruínas de
banheiros e sistemas de esgotos descobertos em escavações.
O povo da ilha de Creta tinha uma
sociedade original e desenvolvida, dando lugar de destaque à mulher, ao
contrário das demais civilizações do período. Registros indicam que não havia
escravidão.
Quando a ilha de Creta, mais
precisamente a cidade de Cnossos, foi
ocupada pelos Aqueus, esta civilização foi subjugada. Apesar de conquistadores,
os Aqueus absorveram a cultura Cretense.
A civilização grega, propriamente
dita, foi formada nos séculos XX a.c. a XII a.c. por invasões de Aqueus,
Jônios, Eólios e Dórios.
·
Contexto Histórico
A Grécia antiga é considerada como o berço da civilização ocidental. Mas,
na realidade, vimos que anteriormente a ela desenvolveu-se a civilização
cretense. Como a Grécia antiga era chamada de Hélade, este povo foi denominado,
na antiguidade, “Helenos”.
A história da Grécia pode ser dividida em quatro períodos:
·
Período Homérico (Séculos XII até VIII
a.c.)
Pouco se sabe sobre este período. Sabe-se apenas que ele começou com a
invasão dos Dórios. As poucas informações são os vestígios arqueológicos
obtidos em escavações e os poemas “Ilíada” e “Odisséia” de Homero.
·
Período Arcaico (Séculos VIII até VI
a.c.)
Este período foi marcado por uma grande expansão marítima e comercial
pelo mediterrâneo, estreitando os laços econômicos com os demais povos,
tornando a atividade comercial a mais importante da economia Grega. Esta
atividade consistia em comércio exterior, com a exportação de mármore, azeite,
vinhos, frutas e na importação de trigo, metais, madeiras, tecidos. Com este
crescimento da nova atividade, uma poderosa classe de comerciantes surgiu. Esta
classe passou a lutar por seus direitos, principalmente políticos, visto que eram
as famílias nobres que estavam no poder. Com isto, ocorreram grandes
modificações nas formas políticas. A maior delas foi a criação da democracia na
cidade-estado de Atenas. Mas, mesmo a democracia era excludente, visto que
escravos, estrangeiros e mulheres não podiam participar das decisões. Esta
economia também estava baseada no emprego, de forma predominante, da
mão-de-obra escrava. Os escravos eram obtidos de três maneiras: nascimento,
guerras de conquista e condenação por dívidas.
·
Período Clássico – Época de Ouro (Séculos
VI até IV a.c.)
Durante este período a civilização grega atingiu seu apogeu, com a
estabilização da democracia, obras dos principais artistas e filósofos, bem
como o desenvolvimento do estudo da matemática e ciências.
Podemos citar, deste período, Demócrito (460-370 a.c.) que foi o primeiro
a afirmar a existência do átomo como elemento indivisível e Hipócrates (460-377
a.c.) que, no tratamento médico, defendeu uma análise das doenças a partir dos
sintomas apresentados pelo paciente, em substituição às crenças e superstições.
Este período também foi marcado por guerras contra os Persas e também
guerras internas entre as cidades-estado, principalmente a guerra entre Atenas
e Esparta.
·
Período Helenístico (Séculos IV até I
a.c.)
Este período começa com a dominação da Grécia, enfraquecida pelas guerras
internas e contra os Persas, pelos Macedônios. Em 308 a.c. Filipe da Macedônia
derrotou os exércitos Gregos. A dominação foi mantida por seu filho, Alexandre
Magno, o qual dominou o mundo conhecido da época, chegando até partes da Índia.
Alexandre havia sido aluno de Aristóteles e por este motivo, mesmo com a
dominação militar, as ciências e as artes continuaram progredindo, mas em ritmo
mais reduzido. Com Alexandre Magno ocorreu a fusão da cultura Grega com a
oriental, o que auxiliou em muito a expansão das ciências e da matemática,
principalmente em contatos com Árabes e Hindus.
Com a morte de Alexandre, seu império foi dividido entre seus três
generais: Antígono (Grécia e Macedônia), Ptolomeu (Egito) e Seleuco
(Mesopotâmia, Síria e Pérsia).
No século I a.c. todas estas regiões foram dominadas pelos romanos. Com
esta dominação a cultura grega entrou em declínio, culminando este declínio com
o fechamento da escola de Atenas pelo imperador romano Justiniano.
Durante todos estes períodos a sociedade Helena apresentava diferentes
modos, em função de suas estruturas políticas das suas cidades-estado. Mas,
existiam semelhanças entre elas, tais como: família patriarcal, conceitos de
cidadania, sociedade fechada, sem possibilidade de mobilidade social.
No âmbito da política, o grande desenvolvimento foi a democracia,
primeiro com Drácon, depois Sólon e por fim Clístenes. Mas, foi somente com
Péricles (462-429 a.c.) que a democracia se consolidou. Mas, esta democracia
era apenas para os cidadãos. Estrangeiros, mulheres e escravos estavam
proibidos de participar da vida política.
Podemos afirmar, com certeza, que a liberdade de pensamento da
civilização Grega contribuiu para o desenvolvimento das ciências, em especial,
a matemática. O intercâmbio de idéias e conhecimento entre o oriente e o
ocidente frutificou nas inúmeras bibliotecas que se formaram, como a de
Alexandria (Egito), que possuía cerca de 400 mil volumes.
·
Contexto matemático
A base da revolução matemática exercida pela civilização Grega partiu de
uma idéia muito simples. Enquanto Egípcios e Babilônicos perguntavam: “como”?
os filósofos gregos passaram a indagar: “por quê”? Assim, a matemática que até
este momento era, essencialmente, prática, passou a ter seu desenvolvimento
voltado para conceituação, teoremas e axiomas.
A matemática, através da história, não pode ser separada da astronomia.
Foram as necessidades relacionadas com a irrigação, agricultura e com a
navegação que concederam à astronomia o primeiro lugar nas ciências,
determinando o rumo da matemática.
Dois fatores estimularam e facilitaram o grande desenvolvimento da
ciência e da matemática pelos filósofos gregos: a substituição da escrita
grosseira do antigo oriente por um alfabeto fácil de aprender e a introdução da
moeda cunhada, o que estimulou ainda mais o comércio.
A matemática moderna teve origem no racionalismo jônico, e teve como
principal estimulador Tales de Mileto, considerado o pai da matemática moderna.
Este racionalismo objetivou o estudo de quatro pontos fundamentais: compreensão
do lugar do homem no universo conforme um esquema racional, encontrar a ordem
no caos, ordenar as idéias em seqüências lógicas e obtenção de princípios
fundamentais. Estes pontos partiram da observação que os povos orientais tinham
deixado de fazer todo o processo de racionalização de sua matemática,
contentando-se, tão somente, com sua aplicação.
Neste período começam a surgir as primeiras divisões nas ciências. Na
Grécia surgem dois grupos distintos de filósofos: os Sofistas e os Pitagóricos,
os quais passam a analisar as ciências de dois modos diferentes.
Os Sofistas abordavam os
problemas de natureza matemática como uma investigação filosófica do mundo
natural e moral, desenvolvendo uma matemática mais voltada à compreensão do que
à utilidade. É o começo da abstração matemática, em detrimento da matemática
essencialmente prática.
Os Pitagóricos, sociedade secreta criada por Pitágoras de Samos,
enfatizavam o estudo dos elementos imutáveis da natureza e da sociedade. O
chefe desta sociedade foi Arquitas de Tarento. Os Pitagóricos estudavam o quadrivium (geometria, aritmética,
astronomia e música). Sua filosofia pode ser resumida na expressão “tudo é
número”, com a qual diziam que tudo na natureza pode ser expresso por meio dos
números. Pitágoras dizia que: “tudo na natureza está arranjado conforme as
formas e os números”. Aos Pitagóricos (Pitágoras, principalmente) podemos
creditar duas descobertas importantes: o conceito de número irracional por meio
de segmentos de retas incomensuráveis e a axiomatização das relações entre os
lados de um triângulo retângulo (teorema de Pitágoras), que já era conhecido
por babilônicos e egípcios.
Paralelo a isto, os matemáticos gregos do período clássico começam a
trabalhar com o princípio da indução lógica (apagoge), que é o início da
axiomática, a qual foi desenvolvida por Hipócrates. Os três problemas que deram
início ao estudo da axiomática foram: trissecção de um ângulo, duplicação do
volume do cubo (problema délico) e quadratura do círculo.
Com as campanhas de Alexandre, o grande, houve um avanço rápido da
civilização grega em direção ao oriente. Assim, a matemática grega sofreu as
influências dos problemas de administração e da astronomia desenvolvidas no oriente.
Este contato entre as duas matemáticas foi extremamente importante e produtivo,
principalmente no período de 350 a 200 a.c.. Neste contexto, Alexandria
torna-se o centro cultural e econômico do mundo helenístico.
Durante todo o período grego, vários filósofos e matemáticos deram sua
contribuição ao desenvolvimento da matemática. Neste período surgem os
cientistas, homens que dedicavam sua vida à procura do conhecimento e que por
isso recebiam um salário. Será citado, agora, um breve comentário sobre a
contribuição dos matemáticos considerados os mais importantes e influentes
deste período.
·
Euclides (306?-283? a.c.)
Seu trabalho mais famoso é a coleção “Os elementos”, obra em 13 volumes,
que contém aplicações da álgebra à geometria, baseados numa dedução
estritamente lógica de teoremas, postulados, definições e axiomas. Até os dias
de hoje, este é o livro mais impresso em matemática.
·
Arquimedes (287 – 212 a.c.)
É considerado o maior matemático do período helenístico e de toda
antiguidade. Suas maiores contribuições foram feitas no campo que hoje
denominamos “cálculo integral”, por meio do seu “método de exaustão”.
Arquimedes também deu importante contribuição na mecânica e engenharia, com o
desenvolvimento de vários artefatos, principalmente militares. Foi morto por um
soldado romano quando da queda de Siracusa.
·
Apolônio de Perga (247-205 a.c.)
Com Apolônio há uma volta à tradicional geometria grega. Ele escreveu um
tratado de oito livros sobre as cônicas (parábola, elipse e hipérbole),
introduzidas como seções de um cone circular.
·
Ptolomeu (150 d.c.)
Publicou o “Almagesto”, obra de astronomia com superior maestria e
originalidade. Nesta obra encontra-se a fórmula para o seno e o cosseno da soma
e da diferença de dois ângulos e um começo da geometria esférica.
·
Nicómaco de Gerasa
Publicou “Introdução à aritmética”, que é a exposição mais completa da
aritmética pitagórica. Muito do que sabemos sobre Pitágoras provém desta
publicação.
·
Diofanto
Publicou “Arithmética”, a qual recebeu uma forte influência oriental.
Este trabalho trata da solução e análise de equações indeterminadas.
Com o domínio da Grécia e do oriente
pelos romanos, estas regiões tornaram-se colônias governadas por
administradores romanos. A estrutura econômica do império romano permanecia baseada
na agricultura. Com o declínio do mercado de escravos a economia entrou em
decadência e existiam poucos homens a fomentar uma ciência, mesmo medíocre.
Podemos, então, determinar uma
relação entre a crise da matemática e a crise do sistema social, pois a queda
de Atenas significou o fim do império da democracia escravagista. Esta crise
social influenciou a crise nas ciências que culminou com o fechamento da escola
de Atenas, marcando com isto o fim da matemática grega clássica.
Podemos observar que as descobertas
matemáticas estão relacionadas com os avanços obtidos pela sociedade, tanto
intelectuais como comerciais. Se no princípio a matemática era essencialmente
prática, visto que as sociedades eram rudimentares, com o desenvolvimento
destas sociedades a matemática também evoluiu, passando de uma simples
ferramenta que auxiliava aos problemas práticos para uma ciência que serviu
como chave para analisar o mundo e a natureza em que vivemos.
Todas as descobertas matemáticas
realizadas pelos povos pré-históricos, egípcios e babilônicos serviram como
subsídio para a matemática desenvolvida pelos gregos. Esta matemática grega
foi, e continua sendo, a base de nossa matemática. Todo o desenvolvimento
tecnológico obtido em nossos dias tem como ponto de partida a matemática grega.
Assim, sem a axiomatização
desenvolvida pelos gregos, não haveria o desenvolvimento da matemática abstrata
e dos conceitos, postulados, definições e axiomas tão necessários à nossa
matemática.
Da matemática da antiguidade,
fundamental a nós hoje, podemos citar: processos de contagem, numeração,
trigonometria, astronomia, geometria plana e volumes de corpos sólidos, sistema
sexagesimal, equações quadráticas e bi-quadráticas, relações métricas nos
triângulos retângulos, seções cônicas e o método de exaustão, que foi o germe
do cálculo integral.
BIBLIOGRAFIA
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História. Ed. Scipione. 2005
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